Impasse

Os problemas “pós-obras"

Enquanto o drama não é amenizado, Construtora Pelotense avalia se assumirá a obra do Calçadão

Jô Folha -

A obra do Calçadão trouxe dor de cabeça para todas as partes envolvidas, mas o prejuízo maior é o de uma família de 15 pessoas oriundas de Paranaguá, no Paraná, que está em apuros. Três operários contratados para trabalhar trouxeram os familiares, dizem que não receberam o último pagamento em dezembro, não têm dinheiro para pagar o aluguel, muito menos para voltar a sua terra. Também contam com a ajuda da comunidade para se alimentar, já que acabou tudo que tinham na despensa.

Acostumados a levar a família para onde vão, os operários consideram a medida mais barata do que ficar indo e voltando para visitá-la. Em Pelotas não foi diferente. O que não contavam é que a prefeitura rescindiria o contrato com a empresa para a qual trabalhavam e que seu último salário não fosse pago. Segundo relata Jean Soares, 34, a obra parou e nem baixa nas Carteiras de Trabalho foi dada.

A família precisa de R$ 4,5 mil para alugar um micro-ônibus e voltar a Paranaguá. Mas não tem dinheiro nem para sua alimentação. Na segunda-feira, uma moradora levou pacotes de massa, farinha, óleo, arroz e feijão. Mas para uma família numerosa, não vai durar mais do que dois dias. Fabrício Felipe Soares, sobrinho de Jean, o cunhado Jaime Alves de Paula e Cristiano Soares dos Santos estão na mesma situação. Eles moram na rua Darcy Vargas, 655, no Navegantes, caso alguém queira ajudá-los.

Jaime era o mestre de obras e conta que desde que mudaram para Pelotas o salário começou a atrasar. “Até gostava de trabalhar na empresa”, diz ele, que hoje se mostra decepcionado, pois fala que suas ligações não têm retorno ou simplesmente ninguém atende. Ao Diário Popular, o sócio-proprietário da ACR, Rafael Zuhan, disse que Jaime encaminhou o pedido de demissão, porém não devolveu equipamentos, por isso ainda não recebeu. Ele está no aguardo da devolução para quitar o débito.

De acordo com o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Morales, a prefeitura pagou em dezembro a última fatura à ACR, de R$ 237 mil. O contrato está rescindido e a equipe própria do município retirou o barraco da obra, na quadra da Andrade Neves com 7 de Setembro. O material está à disposição da empresa na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU).

O que acontece agora
A Construtora Pelotense foi a segunda colocada na licitação em que a ACR venceu. Apenas as duas se habilitaram à realização da obra. Morales se reuniu com o proprietário e engenheiros da empresa, que vistoriaram o serviço feito até agora e ficaram de analisar a viabilidade de aceitarem continuar a obra. Nesta terça-feira a Seplag vai oficializar a Pelotense e conceder o prazo de dez dias para que se manifeste oficialmente.

No caso de a construtora não assumir a continuidade dos trabalhos, restará à prefeitura licitar a obra novamente, o que deve levar mais três meses. Enquanto isso, a população reclama dos transtornos que o serviço inacabado deixou. A primeira quadra, entre a Voluntários da Pátria e a General Neto, mesmo empoçada depois da chuva, ainda é a melhor das duas feitas. A segunda tem verdadeiras armadilhas para o pedestre cair e se machucar. Sem contar que o acesso a três grandes lojas foi quebrado.

“Ficou precário e perigoso”, avalia a dona de casa Anelise Gonçalves, 52. Para a administradora Maura Wolske, 57, o serviço ficou ruim. “Acho que não sabiam o que iam encontrar e isso gerou uma diferença de valores. A infraestrutura surpreendeu, começaram a mexer e se perderam, principalmente porque o material era precário e não dava agilidade”, diz ela, que trabalha em um estabelecimento no Calçadão e costumava conversar com os operários.

Relembre
A prefeitura rescindiu o contrato com a empresa que fazia a obra no Calçadão, após emitir 25 notificações por irregularidades no trabalho. A expectativa é de que a segunda (e única outra) colocada na licitação - a Construtora Pelotense - assuma os serviços, paralisados desde dezembro, antes do Natal, a pedido dos lojistas. A obra é orçada em R$ 4 milhões e a empresa recebeu em torno de R$ 1 milhão, o que representa 20% do serviço, relata Morales. O sócio-proprietário da ACR, Rafael Zuhan, fala que a prefeitura deu calote na empresa, ao ficar devendo R$ 33 mil da medição de dezembro.

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